INFO ONLINE | CAUÃ TABORDA

“A evolução da computação”, “a nova maneira de navegar”, “a mistura perfeita entre celular e computador”, essas são só algumas das frases sobre os tablets que fazem despertar o interesse dos usuários e aficionados por tecnologia.

Imaginar o que esses gadgets são capazes, seja nas 9,5 polegadas do iPad, ou nos inúmeros recursos  espremidos nas 7 polegadas do Galaxy Tab, é algo intrigante. Mas, na verdade, o que se pode ou não pode fazer com um deles? Ele substitui seu computador de casa? Mata de vez seu celular? Para responder essas e outras perguntas nosso repórter passou uma semana com o Galaxy Tab e revirou o aparelho de cabeça para baixo, tentou fazer tudo e mais um pouco.

Mas o leitor pode se perguntar: escolheram o Galaxy Tab e não o iPad? A resposta é simples: já conhecemos muito bem o tablet da Apple e seus recursos. O que está em jogo são os tablets no geral, não esse ou aquele modelo. Outro ponto forte para a escolha do produto da Samsung são sua comercialização oficial no Brasil e seus recursos, como ligações como qualquer outro celular e TV Digital.

O entusiasmo

Não há como não ficar maravilhado de primeira com um tablet. Seja um fã de tecnologia ou não, a resposta das telonas capacitivas é muito boa, tanto no iOS como no Android 2.2, escolhido pela Samsung para o Galaxy Tab.

Basta umas passadas de dedo aqui e ali, navegar por algum site e jogar AngryBirds para tornar o gadget o seu novo produto tecnológico favorito. O teclado virtual é bastante confortável e sua digitação quase não causa erros, devido ao tamanho das teclas. Isso faz até o maior fã dos teclados QWERTY físicos ficar impressionado (meu caso).

Mandar um e-mail, até mesmo algo mais longo, é uma tarefa simples. No Galaxy Tab, a função Swype, que reconhece os gestos no teclado para formar as palavras, se torna algo fundamental com o tempo.

Para navegar na internet, o Wi-Fi e o 3G dão conta do recado. A sincronia com e-mails também é um ponto forte. Assim como em qualquer smartphone, configurar sua conta não é nada complicado e tudo funciona sem problemas. Nesse caso, a conta do Google cuida de tudo. Em pouco tempo todos os seus contatos estão ali, bem como sua agenda e e-mails.

Nos primeiros dias, até mesmo para se acostumar com o novo brinquedo, o computador e notebook foram esquecidos fora do trabalho. Qualquer coisa que requer um computador em casa o tablet entrou em cena e o substituiu. Checar a situação financeira no banco, ver vídeos no YouTube, ler blogs, jornais e até livros.

Do romance à realidade

Até então, em todas as tarefas apresentadas (ler e-mails, navegar na internet e entretenimento) o tablet deixou o computador de lado. Mas, depois de certo tempo e um uso mais contínuo, alguns problemas começam a aparecer.

O Galaxy Tab traz o aplicativo ThinkFree Office, para criar e editar documentos do Microsoft Office. Mesmo quebrando um galho, trabalhar no tablet é um sonho muito distante. A não ser que um teclado seja acoplado, a tarefa é árdua e dá várias dores de cabeça, principalmente em textos longos e com recursos mais dinâmicos, como gráficos e imagens.

Outro ponto chato desta tarefa é a visualização dos documentos, que não se apresenta da maneira ideal, que seria um layout mostrando a página inteira. O documento é exibido de maneira contínua, não mostrando as divisões de páginas.

Para apresentações em PowerPoint o quebra galhos funciona melhor. Mas nada sofisticado será produzido, a ideia é fazer o básico. Um outro problema do tablet é a falta de uma saída HDMI ou cabo para ligar o gadget direto no projetor, para fazer uma apresentação. Mas isso deve ser corrigido no futuro, com algum cabo ou acessório.

A navegação de internet, mesmo sendo uma experiência inovadora e confortável, pode chatear em alguns momentos. Mesmo com a possibilidade de ampliar e reduzir o zoom com o movimento de pinça, clicar em alguns links, em sites formatados originalmente para o computador, é uma tarefa árdua. Normalmente os smartphones eliminam esse problema com mouses e botões físicos para controlar o cliques. Nos tablets isso não existe. Outro problema surge nos tablets. A hora de pagar contas. Mesmo sua interface sendo impressionante, nada substitui o bom e velho mouse para as tarefas que exigem agilidade. Executar transações bancárias no aparelho não é nada confortável.

Nesse ponto, no qual o mouse faz falta, também podemos incluir o tratamento de imagens. Bastante incômodo e, em certos casos, impraticável sem um mouse.

Adeus computador? Tchau telefone?

Trabalhar em casa com o tablet? Algo quase impossível. Mesmo com o multitarefa permitindo ligar um mensageiro (MSN ou Gtalk) e continuar fazendo outras coisas, nem tudo pode ser feito.

Cuidar do entretenimento? Para ver filmes no sofá ou no quarto ele pode parecer uma boa solução, mas sua tela pequena requer uma proximidade muito grande do usuário, o que cansa a vista e os braços para ver um longa metragem. Para ligar ele na TV e exibir um filme, outro ponto que ele perde. Mesmo aceitando arquivos multimídia com sincronia automática de legendas, você vai precisar de um computador ou notebook para gerenciar os downloads, descompactar os arquivos e ajustar o nome do arquivo de legenda. Bem mais prático ligar o computador diretamente na TV.

Para os blogueiros, o tablet resolve em situações mais simples graças aos aplicativos para Android. Como a app aTumblr, que permite a criação de um post com praticidade. Mas nem tudo é maravilhoso. Para criar um post mais encorpado no WordPress, por exemplo, o tablet não se adapta completamente, fazendo o usuário sentir saudade de qualquer outro computador. Mesmo com o suporte a flash.

Pelo fato de o Galaxy Tab fazer ligações, ser menor e pesar a metade do iPad, muitos podem pensar em utilizar o gadget como o aparelho principal para ligações. Isso só é possível em situações um tanto quanto incomuns. Se você está sempre de mochila ou bolsa, mais fácil no caso das mulheres, o tijolão vai bem. Com o headset que acompanha o gadget fazer e receber ligações é bastante confortável. Mas o problema surge quando não há um lugar para o tablet ser carregado. É impossível levar o trambolho no bolso ou na mão o tempo todo.

Conclusões

O tablet não substitui seu computador ou seu telefone. Há diversas situações em que ele não se enquadra e vai dificultar seu trabalho. Mas para outras situações seu uso é justificável. Para quem já possui um computador principal e um notebook, gastar em um iPad pode ser plausível.

A leitura de livros no gadget é bastante confortável. Não é ideal como o formato e-ink, dos e-readers, mas faz um belo trabalho e de quebra te dá uma experiência única de navegação na internet. Coisa que o leitor de livros não faz.

Para o executivo, que vai utilizar o aparelho no dia a dia para agilizar suas tarefas em uma grande empresa, ponto positivo. É bem melhor gerenciar as coisas em uma telona do que espremido no smartphone ou carregar o pesado notebook pra lá e pra cá. Se os preços fossem mais acessíveis, e esperamos que sejam em um futuro não tão distante, mais usuários poderiam usufruir dos aspectos positivos da nova categoria de gadget.

Os tablets não substituem seu computador, pelo menos por enquanto. Afirmar que inauguram uma nova forma de interação também é muito cedo. Seus usos ou desusos ficarão mais claros com o tempo e conforme mais pessoas tenham acesso. Mas, para a maioria das pessoas neste primeiro momento, ele é um brinquedo um tanto quanto caro que vamos usar vez ou outra e nos perguntar “onde estava com a cabeça quando comprei?” no futuro.

E você, caro leitor e usuário? Como utiliza seu tablet, ou como pretende utilizar caso compre? Compartilhe sua experiência nos comentários.